quinta-feira, 28 de junho de 2007

terça-feira, 26 de junho de 2007

calmo. e extremo

calmo. calmo porém extremo. é suave como há muito tempo não sinto. eu estou com você. eu

sei. e você de se encostar em mim e abrir o seu sorriso e não pára de falar contra o sol e

ao telefone. tudo desliza lentamente sobre você e eu. tão lento como nosso tempo. como

nossas mãos. o pensamento que nos atravessa. é calmo. porém extremo. eu vôo. e você se sente

como uma grande montanha e se assusta antes quando eu caio. eu sempre caio primeiro e

procuro ao longe as chamas que me atraíram. eu espero achar alguém esta noite pra procurar

comigo. nem que seja lentamente. como deve ser lento. eu procuro. nós procuramos. o que se

faz? lento. lento lento e já vai longe. e me diz. o sul desse tempo dobrando a esquina e

desamarrando nossos sapatos. eu posso ver seus movimentos. mesmo à noite. e eu ainda sinto o

teu cheiro. esse perfume novo, essa imagem. essa voz já está lenta. como aquelas que a gente

escuta só na mente, com os olhos fechados. você sabe? mas sempre tem uma música de fundo.

calma. lenta. como a chuva. esse tempo. esse breve silêncio. a música fala de nós e de como

a vida é extrema e delicada como a vida acaba em nossos rostos e como nossas canções podem

ser tristes e em como nossos antebraços estão abertos. nós temos o sol. quem caminha conosco

descobre esse perfume esse horizonte essa fresta esse rio dormente essa gente adormecida

como a noite. tudo é silêncio e esse sopro é só o som sem voz. o grão do sentido. o mínimo.

nossa menor comunicação. esses agudos. esse doce agudo e esses graves. principalmente esses

graves. toda a nossa boca. e as noites. noites. diavirá. tenho uma teoria sobre a chegada do

dia. sobre a aurora, sobre as ruas, sobre as luzes, as cores, os cheiros. eu acredito. eu

acredito em teorias que invento. eu peço o que me agrada mas eu também estou lá. eu vejo a

segunda face. esse quadro eu não interrompo com os olhos. como permanece. aceso e detrás da

coluna de fogo. é como aquilo que se esconde entre um sonho e outro. fica entre o fogo e o vôo.

como uma semente em sua vida interior. como a segunda face. eu desejo a segunda graça. como

se eu fosse voar por sobre toda gente que conhece e como se eu não parasse na dor. você

acredita? e vem? eu tomo um drink com você. a gente toca fogo nessa noite. eu posso te ver

em casa. dessa vez. como um fogo que refaz a noite. como um bar sonoro. é dentro de teu

corpo que eu durmo. essa estrada. o zen contra a chuva. eu amo as coisas. as coisas não

permanecem. e ninguém vê. eu ouço meus sorrisos pois não estou perto. as coisas boas são

como uma grande fábula. essa história. a história desta noite. mas eu não sei dançar. Você me

leva onde quer assim, eu sei. sei disso. finjo também. eu continuo com os meus pés suspensos.

isso você não vê mas eu posso contar num dia de domingo. eu descubro algumas flores em tua

pele e escuto esse poema escrito em teu corpo. teus cabelos são os sonhos desta noite. são

negros. e dançam. eles caem. dançam entre os meus dedos. acima das horas, como se fossem

suicidas ou pássaros. eles caminham sobre os sorrisos que te distribuo. as coisas falam de

mim e eu me comovo. você está linda está noite. vamos cantar uma canção? me acompanha. eu

também vou escrever a letra. me acompanha. essa esquina o século a rebelião e os processos

do tempo o vento que não se move as nove noites da praia e os ônibus que descem leves pelo

céu. é disso que eu falo. em silêncio. mas eu imagino que você percebe. as minhas mãos são

um oceano de segredos e linguagens. você no céu do norte. eu tenho um longo tempo longe dos

teus passos. eu não caminho para o azul. mas sou como uma onda que se arrebenta contra os

muros das vanguardas. essa liberdade eu carrego como um raio na boca e outro nos olhos. você

deve ter visto e se aproximado. você parece com esse inverno. ou como o cinza aceso das

emoções. é preciso estar perto. como uma fênix. ou se espalhando pelo chão desse céu do

norte. eu caminho. nunca estou perto o suficiente. mas a véspera é sempre alegre. eu sempre

estou. eu me demoro. eu crio o som dessa passagem. essa vértebra. escuta. esquece os olhos. o

cheiro. escuta. na derme, escuta. viu? essa memória da pele acende. basta encostar. é como o

acaso. basta ter os antebraços abertos, os braços abertos. é como um afago. como um útero. já

imaginou uma coisa como o útero? eu queria dormir com você esta noite. eu escrevo histórias

com os nomes que estão perto de mim. o teu. o teu tem histórias. você tem idéia? não. não sabe.

mas dia desses tu lê. pode ter sido agora. o que tu acha? seria legal se tu soubesse o nome da

música. diz. só tem uma resposta. diz. então? isso. é tempo de estar junto de mim. me arrodear

com seus olhos, dobrar meus sonhos e cubri-los com a minha mente. é tempo de estar comigo,

correndo pela noite. como num dia de chuva ou numa floresta imaginada. como as ondas

curtas. como podem ser? é tempo de voar livre e nu. é, já disse. tempo de estar comigo. você

consegue me entender. eu não sei falar de outra forma. eu só mudo os tons. e eu gosto de verde.

e de gaita. ah, claro, eu gosto de te ver. e também de escrever e mudar os tons. de sentar ao teu

lado e mudar os tons, as peles, os tempos. é como revirar a terra. como cavar o dia e levantar

uma árvore com os dedos. é tempo de estar junto de mim. recolhe em meus olhos teu cansaço e

teu medo. derruba teu corpo contra meus braços. é tempo de estar comigo. você escuta essa

canção e fuma comigo. estamos nesse mesmo oceano. eu te abraço. é tempo. umbeijo. começa

outra música. eu deixo os teu olhos me dizerem uma teoria para o dia de ontem. e outra sobre os

dias que seguem. mesmo aqueles de chuva. os dias sem-tempo-certo. me conta sobre os teus

ossos. e sobre tua infância. e sobre todas as vezes em que você percebeu que era você. assim.

como? o eu. o teu. isso. esse outro de mim. esse tu. conta. é bonito de se ouvir a tempestade

cobrindo os lírios. correm e dançam como se festejassem o dia do rei ou a grande colheita. como

um deus numa ilha. só. partindo de um lado ao outro da liberdade. sem vigias. o sumiço do outro.

o silêncio que é pra mim. a noite vem vindo como se o dia se fosse. eu vejo o fogo crescendo sobre

os montes. eu me vou. num giro. ou no rio. e você, vê o dia indo embora? eu vou caminhar por aí.

você vem? me acompanha. segue a música. é como um pássaro surfar. é simples. você pode até

ver. eu não duvido. é rara. é simples me seguir. eu sempre estou aqui. e caminho por lá. você

vem.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

I

tenho
uma teoria
sobre o alecrim

sua presença frágil
engolida pela noite
sua rebelião discreta
e o riso aberto
seu perfume aceso
como uma brasa
contra o céu.

II

tenho
uma teoria
sobre o alecrim:

afeto e silêncio.

sábado, 23 de junho de 2007

ai tupi or not. eu sou um garoto. até amanhã. quero gritos, o sexo esquisito contra a fé no amanhã. eu não me espero até amanhã. o que faço, como volta, o que faço, como volta. o garoto gordo me espera do outro lado com seus dentes abertos, loucos, seus dentes, sua raiva. as pernas falam, passam sobre o tempo. ou dançam. as pernas dançam. um terror. as pernas dançam. mas eu grito. eu grito. acredito nos ossos. só sei que os olhos sabem do que se esconde. se estiver sozinho eu não falo nomes. o a. o aaaa. o aa aa aaa a a. eu preciso de mais tempo. você se recompõe com os seus amigos. é possuído que vou loonge. se escurece eu quero tudo. a garganta. o túmulo. a queda. o escárnio. o que foge. o que brilha. o que diz que eu não passo. que eu não prendo. que eu não prenso as coisas. que se fazem contra o tédio. eu não sei do tédio. tudo gira. tudo gira. quando as palavras serão ossos. pergunta. é preciso criarmos o dissenso. serei uma maça podre. a margem. podemos mudar de assunto? a pergunta. o sinal. o sinal que fala da pergunta. esse silêncio. exatamente. o que se faz com o ódio. o que se faz. eu me perco. os dedos. o que escapa. aperto esc. esc. esc. esc. correr é uma coisa de não se desaprender. o que se faz, corre. eu sei. o susto que tomo eu tomo. o que escapa. como um assassino. o que se diz das palavras. o que as palavras. se me seguem como um ramo. como o sol. como os olhos. se movem com o que se quebra. eu preciso de rochas. como o que se quebra e desfaz. virá. contra a palavra. o que parte. o que é um sim. é tudo muito real. eu não aprendo a só perceber. se encolher num vôo é quase voltar pra parar. o salto. o susto. o sussuro. é como brincamos de rir. e ficar louco. ficar louco é tão absurdo. absurdo e comum. o que faz sorrir quando escrevo. o que não escrevo e fica só até onde vou sorrir. fica comigo. esta noite ela fica comigo. a palavra. a segurança da boca contra o abismo de existir. fora. no espaço no e s s s pa aaaa a a ço. o que voa. fora. dentro do longe. habitar o longe. o que se esconde no horizonte da boca. digo sim. falo das coisas que se vê no céu. tudo é real. às vezes até o meu pensamento. como um grande sim. destava. eu páro. posso por abaixo tudo que digo. o que sobra. o que fica na senda, o que o incêndio fabrica. segue. o que é caminho. eu tenho medo das ruas. não tenho medo das ruas. eu tenho medo das ruas como eu não tenho medo das ruas. a dor. o que penetra. fere. faz. fica. fixa. foice. vértice. desenho. mão. tudo a mão alcança. tudo que não pensa. isso é muito feio. isso aí. isso. você já saiu com isso. eu corro. eu corro. eu invento e toco fogo. eu destruo contra meus braços. eu distraio o tempo. invento sombra e pernas. você vê tudo que está atrás de você. geração. não tenho geração. eu estou só. e é tempo de estar só. eu me mexo. deslizo e caio no ar. passo as férias. dentro. mergulho. sou todo política. investigo. como um trilho. eu gosto de você como um trilho que sempre está lá. eu vou passar por aí. pisarei por aí. neles. neles. neles. eu durmo depois de você e sei do que fala. o sono. essa guitarra líquida. essa vértebra. o que como. que costuma cair. criar. cia. o cio. o ócio e a revolução. o que a boca alcança. só acredito em revoluções que alcanço com a boca. estou quente. e nas ruas. estou quente e não descanso nas sombras. passo férias na coluna. me dispenso. o poente. o presente é só um passo. um além de si. algo assim. o que cresce. o presente é o caroço. o grão. o que cai. a a queda. do alto. e rápido. como se o rio descesse sobre tuas colunas e não te despedassassem mas só te levassem por aí. uma viagem. o que se diz pra domingo. eu corro pela cidade pra comprar flores. eu não compro flores à tarde. a noite tem coxas e a pele está lisa como o céu. esse azul. azul estúpido. sem direção. um azul sem direção. é exatamente isso que não gosto. um azul sem direção.