sábado, 24 de fevereiro de 2007

Não é um suicídio

O jovem acordou

Da noite de insônia.

Escovou os dentes

Saiu de casa

Deitou-se na linha do trem

E pensou:

- Enquanto ele não vem, estou vivo!



Perdido

entre não ter asas
e não saber nadar


deixo na boca
a sugestão da tempestade

lúcido como uma navalha
só ponta

anoto
os haicais
da chuva

e recolho
o horizonte
do antebraço

estendido sobre o cais.

sábado, 3 de fevereiro de 2007




!vai dormir vagabundo!


# e entre um copo e outro de vinho ficava me girando pra saber mais.e caminhando um pouco além

nas explosões daquele vagalume-que-circula-nas-mãos redesenhava os lugares da cabeça. sabe aquela risada? não me controlava, era impossível: o perder-a-vista na praia, o vento no rosto e um assombro de idéias rápidas na mente. um dia desses ainda mergulho e fico num universo singular, paralelo a tudo, inclusive a mim. de triste só não ter força pra escrever quando me vem esse espírito-matéria. de esperança usar essa orgia-transcendente-imanente esse fruto-da-terra-dos-não-deuses como vetor pra minhas fogueiras. essa imensa gargalhada vai dando lugar a um sorriso lento (fosse assim perene). e dentro de mim, ainda o incêndio de avatares e coisas comuns a dança surreal de engolir a noite, apagando as palavras. diabo de não resistir ao silêncio e ao descanso mítico que esse pássaro me proporciona! desço ao sono, me entregando aos braços de dioniso e às pernas de gaia. me recolho ao útero-de-sempre, pra nascer pela manhã pronto pra sonhar de novo, sem o rosto sério e o relógio adiantado do des-trabalho mundano. assim vou, dormindo pra levar a vida: um leve rio de mim.

da matéria


Antes da queda: queda

Resgato enigmas em meu ventre.

Meus dentes escrevem o futuro.

A ciência não saberá o que digo.


Não sei o que digo e finjo

e uma parede de ilusões

desaba sobre mim.


A garganta esconde o grito

e meu sangue disfarça

a poeira de estrelas

de que sou feito.

A fêmea

Seu cio

Será céu?

Os anjos não sabem.

Brincam de luz.

Amenidades

Tempo de sol tempo de chuva

Tempo de sol de chuva

Tem sol em chuva

de sol

e só chuva

ssssssss chuva

chuva

caindo lá fora

(bom pra dormir)

Queda


Preso

Às rudes amarras

Da gravidade

Cai do alto

Meu corpo

Dois minutos.

Sonhar o pássaro

Que eu nunca serei.