Caminho com os pés suspensos e sem controle. Às vezes eu desmaio nos trópicos e quero ver a pele mansa da desordem. Estou certo em fugir pelo rio e eu quero as flores de tua consciência, mas eu sei do riso do céu agora e deus não tem pedras nos bolsos. Bebo água e ouço o rádio. Eu durmo com o desenho de um fio que percorre minha cabeça. Você sabe fingir. O orgasmo dos olhos se revirando entre as janelas me aponta a saída do sol e o quarto das horas fica lotado com teu adeus. Nunca sairei dessa cena, ficarei me movendo como uma mão sobre a navalha.
domingo, 4 de março de 2007
Cometas atravessam meu cérebro e as horas me consomem como o fogo de tua pele. Uma multidão destrói meu jardim e eu invento um raio para me refugiar. A tua canção faz sombra e meus ombros te carregam por aí. A lua morta é uma pele sobre o oceano e você me entende. Eu escrevo sobre pássaros e mulheres e o tumulto me desperta com uma bebida velha. O tempo fica preso no olho do cachorro que atravessa a rua sem medo. Essa calma me atinge e tua boca revira meus ossos. Eu não esqueço a voz das esquinas e os sapatos sabem que são insignificantes.
eu quero o verde de todos séculos.
tragam rosa
colher na boca e outros poemas
o silêncio dos minerais azuis
e o abraço cego
do poeta aproximado
acendam um lampião
e risquem a minha cabeça
no chão da linguagem iluminada
bebam o vinho sangue
essa palavra doce
que escorre cedo
pela foice da lembrança
durmam longe da noite
na véspera do abismo
eu ficarei
no incêndio