sábado, 22 de setembro de 2012

a pupila do afeto
desconhece teto
salta sobre o muro

o coração
é um carvão
da memória do futuro

o silêncio
é um gato
que enxerga
no escuro.
guarda gravetos
na gaveta

cospe cacos
do coração

sopra sapos
na sombra

avista alma
da avelã.
o que será
de nós
além de nus?
mantra

o que existe
é o êxtase.
doces lampejos
dos delírios

arcanjos alucinados
colhem lírios.
o vento
carrega uma canção
na barriga

as folhas
abrem a boca
do tempo

uma serpente
engole a lua


corações
cavalgam a noite
da floresta

pupilas mastigam
a escuridão.
a mandíbula
de uma estrela
adormecida

o fêmur
de um lêmure
distraído

o ouvido
de uma avenca

vesga

a ruga
de uma vespa
rindo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

lua cheia
rachou a mente
guardada nos bolsos
da garota de sorte.
garrafa de urânio
e eu leio
um poema de petrônio
num mural

enquanto
alguns gnomos
distribuem gomos
de tangerina.

domingo, 2 de setembro de 2012

cair na cama
com calma:
mergulho
n'alma.

amor num mar de muito



o amor enche a barriga de grilos
(uns nove quilos).

deixa a mente
num aquário de aguardente.
cobre a alma
com folhas de cobre.
morde os olhos e os dedos,
depois cospe alguns medos.
coloca carvão na medula
e amarula no coração.
assobia canções nos ouvidos
sobre mastigar vidros.
guarda um jaguar
no calcanhar.
massageia as pernas e o pescoço
e entrega água
de um poço sem fundo.

o amor fortalece os ossos.