quinta-feira, 18 de julho de 2013

enquanto o barulho da chuva
flutua, enquanto o amor não
cega, enquanto o silêncio é
compreendido, enquanto
anões gritam poemas.

enquanto as frutas adoçam
a boca, enquanto a língua
passeia cometas, enquanto
a fome acelera a vertigem.

enquanto o equilíbrio educa
a alma, enquanto a cuca se
infiltra nos cheiros, enquanto
a vida é sangue e gozo, fôlego.

enquanto o fogo é bicho solto,
enquanto foge uma multidão,
sapatos incendiados, enquanto
os abraços fazem nascer florestas.
coincidência:
com isso dance,
insert coin!

terça-feira, 16 de julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

monkey

a monkey:
amo(r) ---
------ key.

ogro sapiens

batendo a cabeça contra o tronco
da árvore mais próxima.

papo macaco com cupins,
disputa de gritos, mais braços
que shiva para matar mosquitos.

poucos dentes, muitos doentes.
por vezes, não conhece o que é bom.
quase não esquece de si e se perde
entre o depois, o durante e o antes
e seus desodorantes são da baygon.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

um banjo

o que você quer?,
ela perguntou.

te ajudar a rir,
a gozar e a ficar
bem, eu disse.

e rimos, gozamos
e ficamos bem.

sem compromisso,
ela comentou. com
improviso, eu combinei.

a noite chegou
e as pernas dela
foram para longe.

e eu, bem, eu
dormi feito um banjo.

aurora

aurora é uma rua,
aurora é uma senhora
que serve café de graça
para os bêbados, pela manhã.

aurora é uma cigana,
aurora é uma coletora
de frutas e raízes e sonhos,
aurora é uma deusa.

aurora é uma arte marcial,
aurora é agora e sempre,
aurora é uma oração.

aurora é uma música,
aurora é uma viagem,
aurora é uma sacanagem
entre o sol e a lua, escuridão
quase pelo avesso, quasar.

aurora é uma passagem
para a origem dos tempos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

rodeados da bem-aventurança do Grande Mistério

não há cadeados para o afeto, a respiração segue
envolvendo a montanha e os ciclos lunares. ergue
os olhos e vê os vultos das plantas professoras,
árvores ensinando em silêncio, cio lento da seiva.

vai, seja a poeira e os pés, pêndulos pendurados
no teto do mundo, oscilando entre o riso e o choro.
mastiga as flores e as raízes, escapa das tocas
do egoísmo: há sabedoria selvagem no encontro.

almas incendiadas se olham longamente, riem
enquanto amanhece, enroscam mãos e pernas,
beijam os pés, as costas, os antebraços, línguas
andam na origem do mundo em seus corpos nus.

águas cristalinas nas retinas, breu da voz na garganta:
gemidos, sussurros, posições das estrelas do fogo.
aurora e abertura da aventura. ciclistas que furam
os bloqueios e fluem por lugares sem nome, sonham.

carvão e car vão

tem o carvão
e tem o car
vão.

respiro e canto

saudação da chuva sobre meus cabelos:
eu respiro e canto a divindade interior
e respiro e canto as divindades na teia do planeta.

sol e lua, leões comendo as papoulas da primavera.
o cansaço não estará nos esperando após o despertar.
a manhã é uma benção e as estrelas são buracos
no chão do paraíso, pássaros que nos carregam no ar.

alegria rodopiante de milhões de crianças, krishna
tocando flauta madrugada adentro: cavalgaremos
os tigres envolvidos nas potências da energia criativa.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

bilhete estelar do iogue

senso de humor
deliciosamente tolo
vale bem mais que ouro,
eu sei e sinto e sigo.

foi um iogue
que me disse,
catando um bilhete
nas estrelas:

o riso não envelhece,
tolices são preces
infantis e loucas
e bêbadas.

absurdo, poeira
no umbigo: dentes
de orelha a orelha
tirando as telhas
da razão. velhas
rindo na tempestade
sem nenhuma saudade
do ego, do abrigo.

domingo, 7 de julho de 2013

leão na lua

há um leão na lua,
vejo a olho nu.

caminha lentamente
como se soubesse
para onde vai, mas
não sabe.

urra para não errar.
o dia e seu sangue
amanhecem.

bebe água no rio,
sim, existe água na lua.

tem medo, mas desde cedo
sabe que o medo é um inseto
que faz barulho voando perto
dos ouvidos, mas não sabe nadar.

então, o leão mergulha na água.

escambo

troco todos
os joguinhos
do meu ego
por peças
coloridas
de lego.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

ferver

ferver, forever,
sem frivolidades.

rodopiar para longe
dos mapas das cidades.

queimar calcinhas e cuecas,
queimar, decididamente, as cucas.

subir as montanhas, dedicar
nove canções para as manhas
da natação dos jacarés, os pés
batendo no chão fazendo tremer
os mundos vermelhos de todo coração.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

lua no céu da manhã

chove e eu
sou um lobo.

estou vivo
e uivo.

a água
sabe todos
os meus segredos

e o sorriso que vejo
é a lua no céu da manhã.