deus é uma banana:
nasce verde, fica amarela
e então fica boa.
a gente come.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
ontem, universo
que anda na fumaça.
há peixes nos pés da manhã
ruminando rastros elétricos
do xaxado suave dos bois
irrupção do canto, aparição
dos ossos, pouso eterno
do navio nas lágrimas
do hidrante, urbe
que dorme no retorno
da amplidão: vento anônimo.
golpe de sorte, pulmão:
dois gomos de tangerina
apaixonados pelo ar.
que anda na fumaça.
há peixes nos pés da manhã
ruminando rastros elétricos
do xaxado suave dos bois
irrupção do canto, aparição
dos ossos, pouso eterno
do navio nas lágrimas
do hidrante, urbe
que dorme no retorno
da amplidão: vento anônimo.
golpe de sorte, pulmão:
dois gomos de tangerina
apaixonados pelo ar.
o grande e o pequeno fiteiro do comerciante universal
vendemos um poema para cada janela
enquanto passeamos, vira-latas na via láctea,
com os olhos engolindo um pouco de luz
que escapa da fiscalização do trânsito celeste.
gigantes de pedra morreram asfixiados.
apesar disto, a erva cresce no final
do corredor. nossas dores escorrem
pelo caule da árvore, pingando por suas raízes
aéreas. esfinges fingem não roer as unhas
quando olham as ruínas da conciliação.
a pele dos prédios descama cotidianamente
e o sol retorcido das pixações faz carinho no lodo.
enquanto passeamos, vira-latas na via láctea,
com os olhos engolindo um pouco de luz
que escapa da fiscalização do trânsito celeste.
gigantes de pedra morreram asfixiados.
apesar disto, a erva cresce no final
do corredor. nossas dores escorrem
pelo caule da árvore, pingando por suas raízes
aéreas. esfinges fingem não roer as unhas
quando olham as ruínas da conciliação.
a pele dos prédios descama cotidianamente
e o sol retorcido das pixações faz carinho no lodo.
é possível recuperar a noite em suas entranhas,
mas comumente as mãos buscam o pão diário
para derrotar o silêncio. armadura que descansa
no colo do abismo, olho atento do lagarto, arma
que engole a frieza dos esquecidos, a moleza
das traças. refúgio da insensatez dos insetos,
peito sempre aberto nos ferros derretidos.
milagre que atravessa o século, trapo, língua lenta
da memória coberta de sal. sem pernas, viaja na carícia
desordenada e desatenta dos cadernos empoeirados.
suas penas congeladas guardam as distâncias percorridas
por fantasmas à procura de albergue. duzentos anões
adormecem debaixo dos seus cabelos. jaula ou garganta,
nenhum parentesco. arremessar os ombros contra os cantos,
amassar seus ossos de ferrugem, ele manso. guardião distraído,
silencioso, exceto quando vazio. é quando grita e derrete,
mesmo de pé. então as lesmas lambem o sangue
de seus segredos. e aranhas tratam de cobrir
sua ruína exposta ao sol.
mas comumente as mãos buscam o pão diário
para derrotar o silêncio. armadura que descansa
no colo do abismo, olho atento do lagarto, arma
que engole a frieza dos esquecidos, a moleza
das traças. refúgio da insensatez dos insetos,
peito sempre aberto nos ferros derretidos.
milagre que atravessa o século, trapo, língua lenta
da memória coberta de sal. sem pernas, viaja na carícia
desordenada e desatenta dos cadernos empoeirados.
suas penas congeladas guardam as distâncias percorridas
por fantasmas à procura de albergue. duzentos anões
adormecem debaixo dos seus cabelos. jaula ou garganta,
nenhum parentesco. arremessar os ombros contra os cantos,
amassar seus ossos de ferrugem, ele manso. guardião distraído,
silencioso, exceto quando vazio. é quando grita e derrete,
mesmo de pé. então as lesmas lambem o sangue
de seus segredos. e aranhas tratam de cobrir
sua ruína exposta ao sol.
canção de ninar n°3
então ouve a chuva cair,
ouve a chuva levantar.
lavar os ossos e partir
lá pras bandas do mar.
a chuva é um bicho tão bonito,
é quase um grito de um leão.
o chão molhado é infinito,
é o mito da barriga do grão.
ouve a chuva levantar.
lavar os ossos e partir
lá pras bandas do mar.
a chuva é um bicho tão bonito,
é quase um grito de um leão.
o chão molhado é infinito,
é o mito da barriga do grão.
Canção de ninar n°2
Lá fora a chuva cai
Lá fora a chuva cai
E eu estou aqui
E eu estou aqui
Nos braços do meu pai
Nos braços do meu pai
Eu ouço a água vem
Eu ouço a água vem
Lavar a minha alma
Lavar a minha alma
E a do meu bem
E a do meu bem
Com o tempo cresce a planta
Com o tempo cresce a planta
E o meu coração
E o meu coração
Se enche de luz e canta
Se enche de luz e canta.
Lá fora a chuva cai
E eu estou aqui
E eu estou aqui
Nos braços do meu pai
Nos braços do meu pai
Eu ouço a água vem
Eu ouço a água vem
Lavar a minha alma
Lavar a minha alma
E a do meu bem
E a do meu bem
Com o tempo cresce a planta
Com o tempo cresce a planta
E o meu coração
E o meu coração
Se enche de luz e canta
Se enche de luz e canta.
canção de ninar nº 1
nós vamos de bicicletas
ou iremos de lambretas
vamos virar cambalhotas
pelas ruas, piruetas
tanta careta pra fazer
eu e você, eu e você
ou iremos de lambretas
vamos virar cambalhotas
pelas ruas, piruetas
tanta careta pra fazer
eu e você, eu e você
vicente vidente
um menino mágico,
vicente vidente: água,
água, água e amor
fluindo no ambiente
pelágico, pelado
e deitado ao meu lado
ainda sem dente.
vicente vidente: água,
água, água e amor
fluindo no ambiente
pelágico, pelado
e deitado ao meu lado
ainda sem dente.
um jaguar perambula pela mente.
a consciência permeável se aquece
no sol e se esfria na noite de veludo verde.
grãos da sombra, grous que sobem
nos ombros do vento doido.
caminhar, quando caminhar.
sentar, quando sentar.
ouro e escuridão, a mudança
é um caminhão vazio e lento
catando desastres e gargalhadas.
a consciência permeável se aquece
no sol e se esfria na noite de veludo verde.
grãos da sombra, grous que sobem
nos ombros do vento doido.
caminhar, quando caminhar.
sentar, quando sentar.
ouro e escuridão, a mudança
é um caminhão vazio e lento
catando desastres e gargalhadas.
cavalo do cão mijando
no caos dentro de si
para fazer nascer
uma bailarina estelar
diamantes no esterco,
papo vulgar,
popol vuh,
voilà!
as bananas
os macacos
galhos de fogo no alto
da árvore cósmica
a cena cômica, o vômito
do pássaro g i g a n t e
na cabeça do caniço pensante
frio e escuridão, baratas
num bar atômico, tempo nublado
cerveja, cervantes, outra cerveja
e o terremoto não lambe
nosso umbigo
o sol saberá o sabor
das carcaças
trazidas pela maré
cabeleiras de algas,
ossos e sangue.
no caos dentro de si
para fazer nascer
uma bailarina estelar
diamantes no esterco,
papo vulgar,
popol vuh,
voilà!
as bananas
os macacos
galhos de fogo no alto
da árvore cósmica
a cena cômica, o vômito
do pássaro g i g a n t e
na cabeça do caniço pensante
frio e escuridão, baratas
num bar atômico, tempo nublado
cerveja, cervantes, outra cerveja
e o terremoto não lambe
nosso umbigo
o sol saberá o sabor
das carcaças
trazidas pela maré
cabeleiras de algas,
ossos e sangue.
ontem totem amanhã
as bicicletas se perdem na noite,
a vida é eterna em vinte minutos.
a chuva aumenta a voz, reencontramos
as dúvidas e as vidas que desaparecem
no breu da fome a cada dez segundos.
há sabedoria na ira: a ventania levanta
uma comunidade em nossos peitos.
perambulamos em ambulâncias
cheios de nosso amor ambulante
entre o possível e a solidão.
a vida é eterna em vinte minutos.
a chuva aumenta a voz, reencontramos
as dúvidas e as vidas que desaparecem
no breu da fome a cada dez segundos.
há sabedoria na ira: a ventania levanta
uma comunidade em nossos peitos.
perambulamos em ambulâncias
cheios de nosso amor ambulante
entre o possível e a solidão.
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