esse aí não diz coisa com coisa e vive
de mãos dadas com o silêncio dizendo
que o vento está visivelmente cansado
esse aí não diz coisa com coisa e uiva
e canta e dança e dá um nó na pança
depois joga xadrez sozinho na sarjeta
esse aí não diz coisa com coisa e vaza
entre carros, motos e corujas de plástico
antes que a polícia pule no seu pescoço
esse aí não diz coisa com coisa e vigia
os pombos comendo pipoca no asfalto
e os ratos lhe trazem um pouco de queijo
esse aí não diz coisa com coisa e visita
todas as árvores que restam na cidade
e carrega muitas folhas debaixo da língua
esse aí não diz coisa com coisa e vai
feito um vulto que valsa nas praças
no meio dos que não estão descalços
esse aí não diz coisa com coisa e vê
formigas de ferro bem no cocuruto
dos que se apressam e passam
esse aí não diz coisa com coisa e vadio
trabalha na alucinação das carnes
e consegue ser feliz ao meio-dia
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
charles manson telefona todos os meses
para me dizer que o ar é deus e fumaça
é tudo que irriga os ossos do crânio
é triste que donas de casa tomem valium
e desconheçam os benefícios do lsd
contra a depressão e o tédio, fantasmas
procurando vídeos pornôs nas pupilas
de uma testemunha de jeová, fantasmas
procriando no abismo da pele, fantasmas
sampleando a tristeza de guaxinins
enfiados em gaiolas e expostos nas pontes
das cidades sufocadas no alumínio publicitário
um açougueiro dormindo em cima de uma tartaruga
ninho de parasitas no peito da promessa militar
sou um criminoso tirando cochilo, diz
sou um cafetão incompetente, diz
sou um obtuso ladrão de carros, diz
um gatuno de mão pesada que só busca
algo para fumar, uma guitarra
um bom lugar para cagar e vinagre
de maçã para os fungos nos pés
para me dizer que o ar é deus e fumaça
é tudo que irriga os ossos do crânio
é triste que donas de casa tomem valium
e desconheçam os benefícios do lsd
contra a depressão e o tédio, fantasmas
procurando vídeos pornôs nas pupilas
de uma testemunha de jeová, fantasmas
procriando no abismo da pele, fantasmas
sampleando a tristeza de guaxinins
enfiados em gaiolas e expostos nas pontes
das cidades sufocadas no alumínio publicitário
um açougueiro dormindo em cima de uma tartaruga
ninho de parasitas no peito da promessa militar
sou um criminoso tirando cochilo, diz
sou um cafetão incompetente, diz
sou um obtuso ladrão de carros, diz
um gatuno de mão pesada que só busca
algo para fumar, uma guitarra
um bom lugar para cagar e vinagre
de maçã para os fungos nos pés
letargia, lenta argila na goela
um gorila na orelha, caco de telha
tudo que ela encontra, escombro
sombra-sirene, sereia séria
ao escarificar toda proeza
uma prosa-prozac
kojak chorando em cima da mesa
gyodai comendo goiaba
enquanto espera os papéis
na varanda da alfândega
da guiana francesa
e o conde do brega
assando um bagre
na brasa e alegre
coçando a barriga
um gorila na orelha, caco de telha
tudo que ela encontra, escombro
sombra-sirene, sereia séria
ao escarificar toda proeza
uma prosa-prozac
kojak chorando em cima da mesa
gyodai comendo goiaba
enquanto espera os papéis
na varanda da alfândega
da guiana francesa
e o conde do brega
assando um bagre
na brasa e alegre
coçando a barriga
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